Nove jovens estudantes deixaram as merecidas férias de Verão
para experimentar o grande desafio da colportagem missionária. No total,
percorreram centenas de quilómetros a pé pelas ruas do concelho de Vila Nova de
Gaia, ouvindo inúmeros “não, obrigado”, até finalmente alcançarem um “sim”,
recompensador de todo o esforço.
Curso de colportagem jovem
Pela primeira vez, em seis anos, o curso de iniciação à
colportagem realizou-se no Norte do país. Num ano marcado pelo desgaste da
crise financeira provocado nas famílias, seria de esperar que os resultados da
venda porta-a-porta fossem naturalmente diminuídos. Porém, nem mesmo a atual
conjuntura demoveu os nove jovens adolescentes de se inscreverem nesta
atividade missionária.
Valeria Mechseryakova é a única repetente; participou no ano
passado em Lisboa, mas confessa que este ano a dificuldade de vender na rua é
maior devido à repetida “desculpa da crise”. O que mais aprecia na colportagem
é o facto de “poder conversar com as pessoas, ouvir as suas experiências, mesmo
que no fim não adquiram nada. "As pessoas precisam é que lhes dêmos um
bocadinho de atenção, melhorando-lhes o dia”, explica Valeria.
O dia para estes colportores jovens começa às 7h00, nas
instalações da UPASD do norte, local onde estão alojados. A meditação da manhã
é um dos momentos chave do dia, pois é o tempo precioso em que procuram encontrar
o ânimo para enfrentarem o duro trabalho que os espera. Eliseu Lagoa, colportor
e coordenador deste projeto, afirma que
“mais importante que a parte monetária é a parte espiritual.”
O trabalho dos nossos aprendizes colportores não começa sem
que seja feita uma evocação conjunta da promessa de Deus, expressa em Isaías
41:13, “Porque eu, o Senhor teu Deus, te tomo pela tua mão direita e te digo:
Não temas, eu te ajudo”. Só depois saem para o trabalho.
Hoje, decidimos acompanhamo-los até aos Carvalhos, freguesia
de Pedroso. Chegados ao centro, tivemos dificuldade em encontrar um lugar para
estacionar. A rua está cheia de gente, uma vez que o comércio nesta zona é o
ponto forte. Os “colportores de palmo e meio” começam por tentar vender nas
frutarias. A desculpa dada aos nossos aprendizes colportores para justificar a
recusa à compra, é o facto de ainda ser cedo, declarando os comerciantes nada
terem vendido ainda, de forma a adquirir seja o que for. Eis que nos
aproximamos então de uma peixaria. A dona do estabelecimento vê o nosso
operador de câmara e sai à rua, faz pose, está divertida. Aproveitando o
momento de descontração, Rui Jorge, um dos nossos colportores destacados para o
local, apresenta-se. Explica à comerciante que pode vender-lhe uma assinatura
anual da “Saúde & Lar” por 30 euros. Aconselha-a a aproveitar a ocasião. A
simpática senhora nem discute, diz que sim, e vai logo buscar o dinheiro,
talvez impressionada pelo aparato da câmara ali ao lado.
“Assim é mais fácil”, confidencia-nos Eliseu Lagoa. “Com a
crise temos que inovar, por isso vamos mas é andar sempre com uma câmara de
filmar connosco”, diz-nos com o seu ar brincalhão.
por Ad7|News