HINO Nr. 065
Letra: Bernard de Clairvaux (1090-1153)
Título Original: Salve Caput Cruentatum
Música: Hans Leo Hassler (1564-1612)
Texto Bíblico: e tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha
na cabeça, e na mão direita uma cana, e ajoelhando-se diante dele, o
escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus! E, cuspindo nele, tiraram-lhe a
cana, e davam-lhe com ela na cabeça. (Mateus 27:29 e 30)
Observação: A melodia deste hino foi harmonizada por Johann
Sebastian Bach (1685-1750) em 1729 e utilizada como coro central da Paixão
Segundo S. Mateus
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Um poema do séc. XIV, Salve Mundi Salutari,(Salve Aquele que
Salva o Mundo), foi atribuído a Bernard de Clairvaux. Originalmente compunha-se
de sete meditações extensas sobre o corpo de Cristo pendurado na cruz: seus
pés, joelhos, mãos, lados, peitos e coração. A sétima parte, Salve caput
cruentato,( Salve, Cabeça Ensangüentada) se focalizou na cabeça de Cristo,
coroada de espinhos.
Esta parte do poema chegou até nós através de um longo
caminho. Paul Gerhardt, considerado o maior poeta luterano desde Lutero,
adaptou esta sétima seção para o Alemão em 1656, criando O Haupt voll Blut und
Wunden (Oh, Cabeça Ensangüentada e Ferida), hino de dez estrofes. Unido com a
inesquecível melodia de Hans Leo Hassler na Coletânea Práxis Pietatis Mélica (A
Prática Harmoniosa da Piedade) de Johann Cruger, o hino ganhou fama. Muitos
hinistas ingleses, traduziram-no, mas foi James Alexander Waddell (1804-1859),
hinista e pastor presbiteriano americano, que realmente fez viver a versão de
Gerhardt no inglês. Esta versão inglesa foi traduzida para o português em 1950
pela cuidadosa mão do Professor Isaac Nicolau Salum. (ver H.A. nº 49).
“Este é um hino profundamente devocional, que requer uma
aplicação muito pessoal da morte redentora de Cristo, por relembrar seu
sofrimento e morte cruel na cruz”.Nele o cristão reconhece que foi o seu pecado
que pôs Cristo na cruz, e foi por amor a ele que Cristo sofreu ali. Este
reconhecimento traz conforto e uma confissão de gratidão e dedicação a Cristo
seja seu refúgio, guia e luz, sabendo que assim viverá e dormira em paz.
O ilustre compositor luterano Hans Leo Hassler 1564-1612),
nascido em Nuremberg, Alemanha, fez seus primeiros estudos com seu pai Isaac
Hassler. Desde muito cedo mostrou-se muito competente ao órgão. Depois de
estudar com o grande organista e compositor Andréa Gabriele em Veneza,
tornou-se organista, e subseqüentemente diretor de música da casa dos Fugger,
abastados comerciantes e banqueiros. Em 1601, aceitou o cargo de organista na
igreja Frauenkirche, em Nuremberg e, em 1608 foi escolhido organista e músico
na corte de Christian II, Eleitor da Saxônia, permanecendo nesta posição até
sua morte. Hassler publicou obras para órgão, madrigais, litanias,
motetos,sacros e dois hinários, mas esta melodia, pela qual ele é mais
lembrado, foi composta em 1601 para uma letra secular. Já em 1613 apareceu como
melodia para um hino ainda cantado na Alemanha, na coletânea Harmoniai Sacrai (
Harmonias Sacras), seguindo o preceito de Lutero que “o demônio não deve
monopolizar as melhores melodias”. Em 1656 foi unida com esta letra de Gerhadt,
e desde então associada a ela. Este Choral (hino) alemão aparece cinco vezes na
Paixão de São Mateus, de Johann Sebastian Bach (1729), e sua melodia recebeu o
nome de PASSION CHORAL.( Hino da paixão).
A versão desta melodia é uma combinação das harmonizações de
Johann Sebastian Bach, um dos maiores músicos de todos os tempos e membro de
uma das famílias musicais mais destacadas em todo o mundo. Ao todo, Bach
harmonizou um total de 371 Chorales (hinos protestantes alemães), fazendo deles
o verdadeiro centro da sua imperecível obra.
Há amplas fontes de informação sobre este gênio musical.
Todavia, a riquíssima herança de música sacra deixada por este cristão dedicado
merece nossa atenção aqui. Nascido em Eisenach, Alemanha, em 21 de março de
1685, estudou nas escolas corais de Ohrdruf e Lüneburgo. Aprendeu a tocar
órgão, violino e viola (seu instrumento predileto). Copiava e estudava
cuidadosamente a música dos mestes. Aproveitou todas as oportunidades de ouvir
e aprender de outros mestres, mesmo com grande sacrifício. Depois de servir em
duas posições por curtos períodos, passou o resto da sua vida em três cidades;
Weimar (1708-1717), Cöthen (1718-1723), e Leipzig (1723-1750). Bach compunha
constantemente, mesmo quando tinha uma outra ocupação. Contribuiu
significativamente para a literatura da sonata (inventou a sonata para
instrumento solo), do concerto italiano e da suíte e abertura francesas, e
promoveu “a afinação temperada (homogénea), em que os intervalos do teclado
deviam ser iguais, sistema que se utiliza ainda hoje nos instrumentos de
teclado”.
Mas os melhores momentos e a maior parte da sua obra foram
dedicados à música sacra.”Bach escreveu cinco coleções de composições sacras
para cada domingo e Dia de Festa do ano”,aproximadamente 300 cantatas, 5
paixões, 2 Magnificats, uma Missa Solene e diversas missas curtas para liturgia
luterana, oratórios bíblicos, 5 Santus, motetos, obras vocais, um vasto
repertório para órgão, tanto sacro como secular e inúmeras peças para teclado e
para orquestra. Uma edição monumental das obras de Bach consiste de 47 volumes,
e ainda se sabe que muitas das suas obras foram perdidas. “Bach aplicou nestes
trabalhos a sua vasta erudição musical, a sua técnica virtuosística e a procura
da perfeição, de tal modo que o resultado final ultrapassou tudo o que antes
fora feito nestes campos”. Ninguém chegou a ultrapassa-lo desde então.
Albert Schweitzer, missionário-médico e músico de destaque,
disse: “Bach foi poeta, e este poeta foi, ao mesmo tempo, um pintor”. Explicou
que na alma de Bach se amalgamavam em proporções infinitamente variáveis, os
dons de poeta, de pintor e de músico. Certamente isto se explica em parte a sua
obra inigualável.
Bach foi feliz chefe de família. Foi pai de 20 filhos, 7 com
sua primeira esposa, Maria Bárbara, e 13 com a segunda, a destacada musicista
Ana Madalena. Onze morreram na infância. Tanto cuidou da educação musical dos
seus filhos, como compôs muito para este fim. Diversos dos seus filhos e netos
lhe seguiram em carreiras brilhantes.
Mas a característica predominante de Bach era sua fé. Disse
Henriqueta Braga: “[Era] o mais excelente ministro de música, para Bach o único
objetivo de toda a música deve ser a glória de Deus e uma recreação agradável”.
Tudo o que Bach fazia, fazia “guiado por suas convicções religiosas, conduzido
pela fé e sempre suplicando a inspiração divina, como atestam as letras J.J.
(Jesu, juva – Jesus, ajuda-me) que caracterizavam os manuscritos de sua
composições autênticas. Ao terminá-las, invariavelmente juntava as iniciais
S.D.G. (Soli Deo Gloria – Somente a Deus Glória).
Em Julho de 1750, alguns dias antes de morrer, Bach [que por
muito tempo sofria dos olhos e havia um ano estado completamente cego]
completou um arranjo para órgão do hino Quando na Hora de Maior Provação, cujo
título, no último instante, mudou para Diante de Teu Trono, ó Deus, mostrando
uma extraordinária coerência entre a música que produziu e a vida que viveu.
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O autor do hino original em latim é incerto, apesar de sua
autoria ser atribuída a Bernard de Clairvaux. Bernard era Abade no mosteiro de
Clairvaux e exerceu poderosa influência sobre a igreja. O hino foi traduzido
livremente para o alemão por Paul Gerhardt e para o inglês por James Waddell
Alexander. Um escritor disse:
“O original de Bernard é poderoso e perscrutador, mas o hino
de Gerhardt é ainda mais poderoso e profundo, como que extraído da mais
profunda fonte do evangelismo Luterano, da sabedoria escriturística, e fervor
de fé. Desta forma, este hino clássico expressa em três línguas – latim, alemão
e inglês – e em três confissões de fé – a Romana, A Luterana e a Anglicana – a
confiança do crente no Cristo do Calvário.” – Lyric Religion, pág. 310 (Com
permissão de Fleming H. Revell Co).
A melodia “Passion Chorale” ou Herzlich Thut (O Coral da
Paixão), é uma adaptação da melodia Lustgarten Neuer Teutscher Gesang, composta
por Hans Leo Hassler em Nuremberg, Alemanha, em 1601. Hassler foi o mais
eminente organista dos seus dias, e um compositor de corais.
O “Coral da Paixão” era um dos favoritos de J. S. Bach, que
o usou em cinco diferentes temas na “Paixão Segundo São Mateus” e em temas para
solos de órgão. Parece haver sido um tema de coral muito popular entre os
compositores para órgão, pois, há muitos trechos para os quais esta nobre
melodia serve de base. Ela merece esta honra e se está tornando muito conhecida
nas igrejas americanas.
Este hino é um bom exemplo de melodia secular, mas, que
perdeu todas as suas características de secular e tornou-se sacra através do
uso intensivo com textos sacros, e na forma de prelúdios corais para órgão. O
caráter desta melodia, como a conhecemos hoje é muito diferente, em sua
natureza, da música popular de hoje em dia.
O “Coral da Paixão” ilustra as qualidades encontradas nos
corais alemães do período da Reforma: melodias fortes e vitais, frequente troca
de harmonia, ritmo majestoso e dignificante, e espírito reverente.
Fonte: Histórias de Hinos e Autores – CMA – Conservatório
Musical Adventista