A LEI LABORAL EM PORTUGAL E O SÁBADO


A notícia recente de que a Troika propôs ao Governo da Grécia a passagem da semana de trabalho de cinco para seis dias, deduzindo-se que o domingo passaria a dia obrigatório de descanso, gerou, como é natural, apreensão entre os membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Portugal.

No nosso país, segundo o acordo de concertação social materializado na lei laboral revista em Agosto último, já é possível aos empregadores requererem aos seus funcionários que trabalhem alguns Sábados por ano, sem descanso semanal compensatório, o que contradiz a Lei da Liberdade Religiosa, que dispõe que as horas de descanso semanal de Sábado sejam compensadas num dia de folga.

Prevendo esta situação, desde a assinatura do acordo de concertação social no início deste ano a Igreja Adventista do Sétimo Dia em Portugal tem vindo a desenvolver contactos junto das autoridades competentes, no sentido de sensibilizar para as dificuldades que a presente lei laboral provoca, acrescidas às já de si críticas procura e manutenção de emprego na situação actual. Essa tentativa tem vindo a ser realizada, para além do apelo à compreensão para a especificidade do dia de guarda dos adventistas do sétimo dia, através do recurso aos documentos internacionais sobre direitos humanos e à legislação comunitária e portuguesa, que protegem o direito a um dia semanal de descanso por motivos religiosos e ao princípio da não discriminação por motivos de crença. Por outro lado, não deixamos de manifestar sempre vontade e disponibilidade para continuar a exercer o nosso trabalho, seja ele qual for, com os máximos zelo e dedicação, ajudando o país a enfrentar as dificuldades com que se depara e que nos afectam a todos.

Apesar de o número e o grau de dificuldade de casos de irmãos que pedem apoio e aconselhamento à UPASD para lidar com este tipo de questão estarem a aumentar, a maior parte das entidades e instituições, especialmente as de direito público, têm vindo a ser sensíveis ao encontrar de soluções que permitam a estes irmãos prosseguir a sua vida profissional ou académica, sem violar a sua consciência, nomeadamente com o direito à observância do Sábado como dia de descanso.

Prestada esta informação, gostaríamos de incentivar a Igreja a unir-se em oração por este assunto, com a 'reverente confiança' com que nos devemos sempre aproximar de Deus.

Paulo Sérgio Macedo Departamento de Liberdade Religiosa e Assuntos Públicos UPASD