Festival de Liberdade Religiosa reúne mais de 7 mil em Manaus

População de Manaus compareceu em peso ao evento que contou com a presença, também, de dois vereadores e um deputado estadual
População de Manaus compareceu em peso ao evento que contou com a presença, também, de dois vereadores e um deputado estadual
Manaus, AM … [ASN] Para entender a importância da liberdade religiosa em uma só frase basta pensar que “não haveria nem o direito de um pai educar seus filhos na sua própria fé ou crença se não houvesse liberdade religiosa”. A afirmação é de uma das maiores autoridades no assunto do planeta, John Graz, secretário executivo da IRLA – Associação Internacional de Liberdade Religiosa – e foi dita durante o Festival realizado nesse sábado, 23, no Auditório Canaã, em Manaus, capital do Amazonas. Durante a tarde, ocorreu o terceiro evento brasileiro do gênero e o primeiro em solo amazonense. Os outros dois em nível nacional aconteceram no Rio de Janeiro e em São Paulo e já houve uma edição mundial aqui no Brasil, também realizada na capital paulista.
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Graz falou a milhares de pessoas sobre a relevância prática da existência de um conceito de respeito à liberdade de crença no mundo. E ressaltou que o Festival é um momento de celebração e gratidão pelo fato de o Brasil ser um país sem restrições nessa área. O líder mundial convidou os participantes, inclusive, a repetirem três frases de efeito para que essa ideia ficasse marcada em suas mentes.
Testemunho
O respeito a uma crença ficou muito claro para o designer Diego Arlinson, que trabalha na sede da Igreja Adventista para os estados do Amazonas, Rondônia, Roraima e Acre. Por alguns anos, ele conquistou um prêmio estadual em sua área, mas nunca conseguia receber a premiação. Motivo: o evento em questão que brindava os vencedores era marcado para a sexta-feira à noite. Nesse horário, para os adventistas já é considerado descanso semanal e, como consideram o dia santificado, não realizam nenhum trabalho ou atividade educacional no período do pôr-do-sol de sexta-feira até o pôr-do-sol de sábado. “Eu decidi, nas edições anteriores, que não iria e mandei uma carta para os organizadores explicando que o fazia por princípio religioso. Fui surpreendido em uma das últimas edições quando alteraram a data da entrega dos prêmios para quinta-feira. Ganhei novamente e, dessa vez, pude receber sem problemas com a minha crença”, ressalta o jovem profissional.
O festival de gratidão teve direito a música e homenagens. Três grupos adventistas apresentaram louvores: Solanza, Art Trio e o cantor Marquinhos Maraial. Vários líderes regionais, nacionais e mesmo os mundiais da IRLA foram condecorados com medalhas e certificações em reconhecimento a seus esforços para promover a liberdade religiosa no País.
Balanço de 20 anos
Para a ASN, a Agência Adventista Sul-Americana de Notícias, John Graz falou rapidamente sobre um rápido balanço dos 20 anos em que esteve à frente da área de Liberdade Religiosa da Igreja Adventista e como secretário executivo da IRLA. Graz relembra que, quando começou, em 1995, havia indicadores positivos para uma maior aceitação do conceito de liberdade religiosa no mundo. O mundo, então, respirava o pós-comunismo, por exemplo, e a tolerância religiosa começava a ser realidade algumas nações antes fechadas.
Hoje, no entanto, ele vê um certo retrocesso principalmente ao analisar a intolerância demonstrada por grupos religiosos extremistas que matam e ferem quem pensa ou crê de maneira diferente. Também mencionou os problemas que sofrem os que desejam se converter a religiões diferentes das suas em determinados países como prisões, tortura e perseguições.
O militante da causa da liberdade religiosa admite que está mais complicado defender o conceito, mas explica que a perda da liberdade religiosa, pois, para ele, “em minha experiência mostra que se você perde a liberdade religiosa você perde todas as outras liberdades. Essa liberdade está ligada à dignidade humana”.
Apesar de todas as dificuldades, Graz vê que, nas últimas duas décadas, a liberdade religiosa apresentou progressos na China, Vietnã e Tunísia (até com alterações constitucionais) onde existe uma abertura maior que, em anos anteriores, não havia. [Equipe ASN, Felipe Lemos]
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